quarta-feira, 12 de outubro de 2011

A SANTIDADƎ QUE NÃO AGRADA A DEUS!


“O homem bom sempre acha algo sobre o qual prantear e chorar... Quanto mais minuciosamente ele se examinar, mais se aflige” (Tomás de Kempis 1380-1471 – Imitação de Cristo) e ouso em acrescentar: e não tem tempo para julgar, pois está preocupado em avaliar-se!
São incríveis como as ações de Jesus sempre dignificaram o ser humano e foi controverso aos pensamentos dos judaizantes de sua época! É belo como o Senhor enxerga os pequenos, os pecadores, os pobres... E nunca julgá-los pelas suas faltas e mazelas, pelo contrário; ousa ir longe quando diz: “Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus”! (Mt.5,3). Jamais será nossa pretensão dá uma aula de grego aqui, porém a palavra grega traduzida por pobre é “ptõchos” e que significa literalmente, “aquele que se abaixa e se agacha”. Ou seja, é “Feliz” aquele que compreende sua pequenez, seu ‘ser’ pó!
E quem sabe o tamanho de sua pequenez, não estranha e muito menos condena a baixeza alheia!
Caríssimos há uma preocupação no nosso coração e está desejoso convosco compartilhar: Há muitos candidatos a santos vivos por ai e poucos seres humanos. Há muitos de nós agindo como “sepulcros caiados”. Será que não lemos Mt.7? Que já no primeiro verso diz: “Não julgueis, e não sereis julgados”. É muito atrevimento nosso, achar um cisco no olho de nosso irmão e não vermos a trave que está bem aqui nos nossos próprios olhos?! (cf. v.4)
Santo Agostinho (354-430) em Confissões nos diz: “É perfeitamente possível desejar os presentes do Senhor, mas não o próprio Senhor, o que parece indicar que os presentes são preferíveis ao Presenteador.” Não é assim que muitas das vezes agimos com o Espírito Santo de Deus, que é igualmente Deus?! Clamamos os seus dons, somos dotados deles e me parece que quanto mais possuímos mais queremos, de fato não vejo nada de ruim nisso, mas... Que valerá tantos dons se não temos nem queremos possuir o Senhor de todos esses dons? São Paulo diz na sua primeira carta à comunidade de Coríntios 13,3 que: “ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo a ser queimado, se não tiver amor, de nada valeria!”
Deus tem que ter todo o nosso coração, ou nada! E quando Deus tem posse do nosso coração não caímos insistentemente no erro de sentirmos mais santos por sermos isso ou aquilo, por termos um dom ‘melhor ou mais bonito’ que o de fulano, por ser padre, pastor, coordenador, animador, evangelizador, teólogo, exegeta, catequista, sei lá mais o quê... E o outro é um mero leigo de vida e alma simples.
Cuidemo-nos! Pois, “nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus” (Mt.7,21a). Se a nossa oração nos transcende, leva-nos a “Deus”, e não nos faz enxergar o outro; devemos avaliar a qualidade da nossa oração e observar, ao ponto de nos questionar: para qual ‘Deus’ mesmo estamos elevando a nossa oração? Se somos capazes de recriminar com o olhar o outro que vive como um mero ser humano por causa da nossa SANTIDADƎ; eis um motivo para o nosso auto-exame. Muitos de nós cristãos queremos ir para o céu, queremos ser santos sem ao menos ter degustado da verdadeira e nata vocação de sermos seres humanos.
Santidade é uma vida em construção e de desconstrução também! Santidade é uma vida em oração e de ação. Santidade é uma vida de anúncio e de denúncia. Santidade é uma vida de joelhos no chão, de braços erguidos, mas também de mãos estendidas e de coração atento ao que sofre. Santidade é seguir Jesus e assim sendo, não apontar para miséria de ninguém. Vamos tentar! Humilitas Est!

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