sexta-feira, 5 de março de 2021

Saudades de quem perdeu uma mãe

Edna Maria Tavernard
*08/08/1948
+28/02/2021



-Alguém viu elas? 
-Elas quem?
-Elas, as palavras! Onde foram morar?  Como encontrá-los, quando tudo é dor, silêncio e caos? 
Bem, partiu minha rainha, certamente essa foi a oferta de amor mais difícil que tive de entregar a Deus e a Nossa Senhora pois ofertei minha mãezinha a Deus para o desagravo das dores do coração de Jesus e do imaculado Coração de Maria, pela Igreja, pelo papa e pelos pobres pecadores (que somos todos nós).  
Mais como é doloroso ver sendo colhida a flor mais linda do meu jardim... 
E eu como estou? No deserto?  De
certo que não, mamãe plantou muita coisa em mim pra sobrar só deserto. Mais confesso que a floresta que em mim ela cultivou durante todos os meus anos de vida, passou pelo maior vendaval da minha história e só em olhar o meu interior vejo uma enorme floresta com todas as árvores arrancadas, caídas no chão, com as raízes pra fora da terra. 
-Mais me respondas: E agora, o que será dessa floresta? Tão devastada e inóspita? Ainda há esperança?
A floresta devastada dentro de mim, com grande esforço e voz frágil responde:
-Esperança sempre tem... Porque para uma floresta tão vasta e frutífera, ainda com suas árvores no chão e as raízes arrancadas brutalmente da terra, a sementes estão lá e o irmão TEMPO fará todo trabalho de reflorestamento e o plantio que parece perdido florirá (um dia florirá)! 

Nesses dias todos não consegui falar, me expressar e nem escrever uma palavra, porque aquela que me guardou tão amorosamente em seu ventre durante nove meses, me protegeu, me acolheu, me deu amor e colo a vida inteira não precisou arrumar as malas para partir.  Seu olhar profundo de amor, o seu último "Deus te abençoe, eu te amo"  na voz frágil de alguém que passou pelo crivo da dor quase a totalidade de sua vida e nos últimos momentos quando todos pensaram que ela tinha perdido a última batalha, ela vestiu-se com vestes  de núpcias e entrou na grande festa eterna do Cordeiro de Deus. 
Ele (o próprio Deus) ao visitar seu leito (esse que foi seu portal para a eternidade), estendeu-lhe as mãos e disse: Filha, acompanhe-me, pega nas mãos da tua mãe, a Virgem Maria e nós te guiaremos ao trono de flores que nós mesmos, juntamente com os anjos e santos preparamos pra ti. Do lado direito, a mão estendida para o Pai das Misericórdias, do outro lado, as mãos afetuosas  e maternais da Virgem Santíssima, com o olhar terno e sorriso nos lábios, a abraçou e cochichou duas coisas no ouvido da minha rainha. Disse: 
-Vem filha, não tenhas medo, seja bem vinda de volta ao Reino que meu filho preparou pra ti, estávamos te esperando ansiosamente! (E a Virgem a abraçou e a levou).
Entretanto com um olhar de amor por quem deixou aqui, a Virgem Mãe, sensível como é... Percebeu que minha mãezinha nos olhava com amor, saudades e preocupação, se virou pra ela novamente e disse:
-Edinha filha querida, não fostes vós quem me entregou suas meninas? Agora elas são minhas e estão sob o meu amparo, cuidado e proteção. Vem! 
(Assim partiu minha rainha, com a Rainha do Céu que ela tanto amava ao lado do Pai das Misericórdias); a saudade dilacerante, cortante, pungente ainda me hospeda, mais aguardo ansiosamente as delícias consoladoras que me trará no dia do meu encontro eterno com minha eterna amada mãe, amiga, paceira, companheira das missões... Agora sou toda gratidão a Deus por ter-me dado EDINHA por mãe... Obrigada meu Jesus pela mãe que me deste, por me oportunizar viver tantos anos ao lado do meu verdadeiro amor! Obrigada Jesus porque sei que tu mesmo juntamente com a Virgem Santíssima a acolhesse num abraço eterno! 
Até o céu minhas mãezinha! Eu eternamente te amarei e aguardarei nosso reencontro ansiosamente!

Bebel Tavernard

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